domingo, 30 de outubro de 2011

Da Revolução Burguesa à Revolução Socialista

O Império Russo encontrava-se numa situação económica e social muito complicada desde finais do século XIX, que foi agravada pela participação da Rússia na 1º Guerra Mundial: a inflação e a carestia (devido ao esforço financeiro do estado); a baixa produção agrícola e industrial (por causa da decorrente participação militar na guerra); o elevado número de mortos (o que provocou a desmoralização do exército) e a o povo, que já vivia na miséria, ainda passou a ter mais dificuldades.
O czar Nicolau II governava o país de uma forma absolutista e autocrática, rodeado de uma corte onde se respirava ostentação, luxo e corrupção. Os liberais ainda tentaram uma revolução no ano de 1905 mas os populares foram "esmagados" pelas tropas czaristas (Domingo Sangrento). Porém, o czar foi obrigado a abolir alguns privilégios da aristocracia e a aceitar a Duma (parlamento). Mas apesar disto, continuava a governar de maneira despótica.
Apesar da pouca liberdade politica que existia e das perseguições à oposição, vários partidos foram desenvolvendo a sua actividade como, por exemplo: o partido constitucional democrata, os socialistas revolucionarios, os sociais-democratas (mencheviques e bolcheviques), entre outros.
A agitação dos operários, o agravamento das condições de vida da população e campanha contra o regime do czar levaram à Revolução de Fevereiro de 1917, em Petrogrado.
Os manifestantes, vencedores, formaram um Soviete (assembleia administrativa e deliberativa, de cáracter local, compostas por operários, soldados e camponeses, ou pelos seus delegados eleitos) constituido por deputados dos soldados e operários e por um comité executivo.
Entretanto, a Duma (considerado o único poder legal depois da queda do czar) instituiu um Governo Provisório que começou por legislar a favor da transformação do Estado russo num regime liberal à maneira ocidental:
  • estabelecimento da independência entre a Igreja e o Estado
  • introdução do júri nos tribunais
  • eleição por sufrágio universal dos conselhos administrativos locais
  • adopção da jornada de oito horas para o operariado
Mas estas medidas tiveram pouco impacto devido à desordem política-administrativas e à pouca força que a Duma tinha entre os cidadãos.
Desta forma, o Soviete de Petrogrado e o Governo Provisório inauguraram para a Rússia uma espécie de regime duplo, marcado pela coexistência de dois poderes paralelos.
Enquanto o Governo Provisório tentava estabilizar a situação interna, o Soviete de Petrogrado incentivava o povo a tomar decisões e a actuar por si mesmo. Os dirigentes do Soviete pretendiam a socialização da economia e a instauração da ditadura do proletariado, um governo da maioria para a maioria.
Também existia um entusiasmo revolucionário devido ao regresso à Rússia de muitos políticos e outras pessoas que tinham sido exiladas e presas durante o governo do czar.
O programa do Partido Bolchevique reivindicava a paz imediata e separada, a liberdade para as nacionalidades, a expropriação dos proprietários fundiários, a nacionalização das terras, dos bancos e das grandes indústrisas e a passagem do controlo da produção para os operários. E estas ideias eram todas do agrado da população pois correspondiam a algumas das suas mais antigas reivindicações.
A democracia paralela, que era vivida com entusiasmo pelo povo, apenas contribuiu para aumentar a desorganização política, administrativa e social da Rússia. As actividades económicas quase paralisaram, as redes normais de abastecimento e distribuição de produtos tornaram-se inoperantes, as condições de vida pioraram... Nas aldeias, os camponeses assaltaram terras e as provisões dos grandes latifundiários. Nas fábricas, os operários exigiam um aumento de salários, e as falências eram contínuas. No exército, aumentaram os conflitos entre soldados e oficiais. Os partidos políticos não se entendiam e os governos provisórios sucediam-se.
Aproveitando este descontrolo, o Soviete de Petrogrado enviou os Guardas vermelhos apoderar-se do poder. Foi a Revolução de Outubro.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A Dificil Recuperação Económica da Europa

Depois da guerra de 1914-1918, a economia mundial encontrava-se bastante instável. E por isso, a maior parte dos países europeus enfrentavas uma dificil reconstrução e reconversão económica, o que provocou o endividamento (tanto interno como externo) e uma desvalorização monetária, criando crises inflacionistas. Os países nos quais esta situação foi mais grave foram: a Alemanha, a Áustria e a Hungria (países que ficaram responsáveis pelo pagamento de elevadas indemnizações de guerra).
Esta recuperação económica europeia já era dificil e agravou-se ainda mais com a dependência em relação aos EUA. Durante a guerra, a produção industrial da Europa diminuiu por volta de 40% e a produção agrícola 30%, causando a perca de mercados internacionais para o Japão e os EUA. Em 1913 a Europa detinha 63% do comércio internacional enquanto que em 1922, passou a ser apenas 52%.
Mas mesmo os países que não sofreram destruições no seu território, também passaram por dificuldades, causadas pela desorganização do comércio internacional e pela necessidade de reconverter para o desenvolvimento económico das populações as forças produtivas até ai canalizadas para a guerra.
Este esforço não foi apenas sentido na Europa mas também nos EUA, que sofreram a sua primeira crise económica (1920-1921) provocada pelo excesso de stocks, falências, desemprego e deflação, que afectou outros países dependentes da economia americana.
A recuperação só se iniciou quando as crises inflacionistas foram resolvidas e quando houve uma estabilização monetária.
A partir do ano de 1923, deu-se um crescimento e desenvolvimento económicos nos EUA:
  • desenvolvimento técnico, exploração de novas fontes de energia, aperfeiçoamento do processo produtivo, exploração de novos ramos industriais e relançamento da agricultura;
  • incentivo ao consumo em massa pelo desenvolvimento das vendas a crédito e da publicidade;
  • incremento das operações bolsistas.
Com todo este crescimento, originou-se a "era de prosperidade" nos EUA, os quais se tornaram os grandes fornecedores e credores da Europa, aumentando assim a dependência desta em relação aos americanos.