quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As Mutações nos Comportamentos e na Cultura

As Transformações da Vida Urbana

Um dos fenómenos mais significativos do século XIX foi o extraordinário crescimento das cidades, que ocorreu como consequência da industrialização.
O crescimento urbano culminou, já no inicio do século XX, na formação de grandes metrópoles e até de megalópoles, que eram constituidas por milhões de habitantes, o que fez com que, pela primeira vez na História, a população das cidades fosse superior ao número da população rural.
As cidades, para além de grandes centros populacionais, tornaram-se também o centro das actividades essenciais da vida das comunidades (sedes administrativas, bancárias, comerciais e industriais, etc), tornando-as os centros do poder.
Todo este crescimento transformou a estrutura urbana, já desde o século XIX.
Para poder alojar as novas multidões, o casario adensou-se ao longo das ruas e das praças; passou a haver cada vez mais a construcção em altura, que foi fechando os horizontes; o tráfego e a poluição aumentaram; o centro da cidade deixou de ser a praça ou a catedral e os grandes edificios de negócios passaram a constituir os "novos centros".
Para atender as exigências e as necessidades da população, as cidades precisaram de se equipar com serviços públicos suficientes (como: transportes, escolas, electricidade e gás, rede de esgotos, etc). Estes novos serviços públicos rapidamente se tornaram necessidades básicas e parte integrante da vida das pessoas.


A Nova Sociabilidade e a Desagregação das Solidariedades

Os grandes agregados populacionais tornaram-se amontoados humanos, nos quais os ritmos de vida se alteraram, acelerando-se: havia maiores distâncias entre a habitação e o trabalho e entre a cidade e os arredores; a comunicação à distância intensificou-se (por comboio, automóvel, avião, rádio, telefone, etc). O trânsito de pessoas e carros sofreu um grande aumento. A crescente proletarização da sociedade fez com que quase todos os membros do agregado familiar trabalhassem fora de casa. As relações sociais despersonalizaram-se e desumanizaram-se.
Na grande cidade um homem sozinho perde-se facilmente no meio da multidão. Não conhece o rosto, muito menos o nome, dos seus vizinhos; fora da sua rua é um estranho, uma pessoa anónima. Este desconhecimento instalou desconfiança, afastamento e indiferença social.
Uma nova mentalidade tomou conta dos cidadãos: o "american way of life" dos anos 20. Aos beneficios da sociedade de consumo que a industrialização instalou, associou-se a busca de prazer e de diversão e intensificou-se a vida nocturna (teatros, cinemas, night-clubs, casinos, etc); alguns desportos ganharam outra dimensão e passaram a atrair multidões como o futebol, corridas entre outros.
A facilidade de mobilização incentivou o gosto pelas viagens que deixaram de ser só viagens de negócios, aumentando as viagens lúdicas, de turismo, algo que entrou nos hábitos das classes médias.
Deu-se também um rápido processo de industrialização e urbanização o que fez com surgissem zonas de degradação nas cidades que eram os bairros pobres onde se alojavam os marginalizados.
As grandes concentrações urbanas do século XX deram origem à massificação social. As sociedades passaram a ser sociedades de massas que eram caracterizadas pelo grande número de pessoas, pela dispersão espacial e pelo anonimato em que se encontravam. Isto conduziu à desagregação das solidariedades campesinas e ao desenraizamento individual.