terça-feira, 7 de junho de 2011

Sociedade de Classes e Mobilidade Social da Burguesia

Devido às mudanças políticas e económicas que existiram no continente europeu ao longo do século XIX, as estruturas sociais também sofreram alterações sociais.
Nessa época, vigorava o liberalismo político na maioria dos países e este aboliu a sociedade de ordens e quaisquer privilégios de nascimento, reconhecendo na Constituição a igualdade de todos perante a lei. Ao mesmo tempo, instuticionalizou a soberania popular (através do direito ao voto), a liberdade partidária e a não defesa de interesses pessoais por parte do governo (pelo funcionamento tripartido dos orgãos soberanos). Isto marcou o fim jurídico da sociedade de ordens que era uma das características do Antigo Regime. Criou-se assim todas as condições necessárias para a mobilidade social que definiu as sociedades burguesas e capitalistas, apelidadas de sociedades de classes.
Foi implementada a convicção de que todos os homens nasciam iguais e livres e por isso, as únicas diferenças que deveriam existir entre eles apenas se deviam aos méritos próprios de cada um.
A burguesia liberal confrontava também a mentalidade da antiga nobreza que defendia o ócio e a improdutividade pois afirmava que o processo de libertação do Homem dava-se graças ao trabalho e ao esforço individual. Existiram então vários exemplos de pessoas de origem humilde, que com esforço, trabalho, dedicação e também alguma sorte, conseguiram chegar a elevados niveis de hierarquia social, executando importantes cargos politicos e económicos. Mas, devido a crescente industrialização e desenvolvimento da tecnologia, o mercado foi ficando cada vez mais exigente em relação à preparação profissional. Logo, esta igualdade relativa ás oportunidades de vida, não era bem uma realidade. Realmente, a maioria dos casos de pessoas que ascenderam socialmente, eram sobre burgueses, que tinham melhores condições sócioeconomicas e formação escolar. Assim, a industrialização distribuiu-se com alguma desigualdade pelos cidadãos, acentuando algumas diferenças sociais. 
Podemos então dizer que a sociedade dessa altura teve dois extremos: aquelas pessoas que detinham maior poder económico e prestígio social - burguesia - e aqueles que sobreviviam apenas do trabalho, que muitas vezes era escasso - proletariado.

Burguesia

A principal caracteristica deste grupo social era a grande e fácil mobilidade social. A alta burguesia era constituida pelos grandes negociantes, banqueiros, indústriais, políticos, etc. que usufruiam de altos postos do aparelho dos Estados. Eram pessoas com uma grande capacidade de iniciativa e espirito de negócio, ajudando a obter lucro e poder, criar empresas produtivas (a partir das quais se enriqueciam pessoalmente e contribuiam para o desenvolvimento económico). Os grandes magnatas da época tinham como núcleo base a família. Vivia-se uma altura em que existia a livre concorrência e graves crises economicas e a entreajuda e solidariedade criadas nas familias ajudavam nos negócios.
A alta burguesia vivia um estilo de vida bastante avantajado: morava em boas residências, mobilidades de luxo e ostentação; possuiam inúmeras propriedades; preocupavam-se bastante com as aparências, pelo que se festiam sempre de acordo com a moda; e viviam uma vida social muito sofisticada (por exemplo, viajavam muito); forneciam aos filhos uma educação superior aos outros, para que estes fossem culturalmente instruidos.


Vestuário Burguês do século XIX

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Arranque de Novas Potências

Todo o êxito económico que Inglaterra teve serviu de incentivo para outros países, que foram criando as condições necessárias para poderem competir com este país, para poderem ser independentes economicamente.
Os primeiros países a inciarem este processo foram, obviamente, aqueles que eram mais desenvolvidos e que detiam maiores potencialidades naturais (matérias primas, fontes de energia, desenvolvimento cientifico, etc). Estes eram os países da Europa Ocidental e do Noroeste e os Estados Unidos da América.

França 

A França avançou para industrialização tardiamente e desenvolveu-se lentamente, devido a razões políticas e estruturais (agitação provocada pela revolução de 1789, por exemplo). Os primeiros sinais de desenvolvimento, no inicio do século XIX, deram-se no sector têxtil e na exploração de carvão. Mais tarde, desenvolveram-se as as indústrias siderurgicas e metalurgicas; depois expandiram-se as linhas-férreas, desenvolveram-se as instituições financeiras e surgiram empresas ligados a produção de automóveis.

Alemanha

O arranque da Alemanha também se deu tarde devido às consequências políticas sofridas pela unificação. Mas o seu desenvolvimento foi bastante rápido. Era um país com muitas potencialidades naturais, das quais pode tirar proveito, e também tinha ao seu dispor todas as experiências e descobertas já efectuadas até essa altura. A industrialização moderna e de ponta foi promovida pelos empresários, que investiam nas indústrias pesadas do ferro e do aço, na extração da hulha e da lenhite e na produção do carvão. A construção naval e a expansação do caminho de ferro também foram incentivadas e no final desse mesmo século, desenvolveram-se as indústrias quimicas e de electricidade (que veio a revelar uma grande utilidade futura).

Estados Unidos da América

Os EUA, em 1840 eram uma potência secundária e, rapidamente, passaram para 1º lugar na produção industrial mundial no ano de 1900. Este rápido crescimento deveu-se ao facto do país:
- deter um território praticamente virgem, abundante em recursos naturais (terras férteis, metais preciosos, petróleo, etc)
- ter um acelerado crescimento demográfico, graças á crescente imigração europeia
- ter uma agricultura modernizada e mecanizada, com o objectivo de produzir em massa e exportar mais
- possuir um clima social livre e dinâmico
- ter um mercado interno que estava em constante crescimento
- ter pautas aduaneiras proteccionistas

Todos estes factores deram a possibilidade de desenvolvimento de todos os sectores da economia americana. Os primeiros destes sectores a desenvolverem-se foram os têxteis, depois expandiram-se as siderúrgias e metalúrgias, a expansão do caminho de ferro, a exploração mineira, a indústria química e elétrica.
Este crescimento da produção industrial permitiu uma grande quantidade de capitais e assim os EUA, que eram um país que era financiado, passou a ser o financiador.

Japão

O Japão foi o primeiro país asiático a modernizar a sua economia, por uma industrialização rápida e inesperada. Este progresso deu-se graças á política cultural e económica que era desenvolvida pelo imperador, que motivava o contacto com o Ocidente.
A industrialização deste país iniciou-se no sector têxtil. Depois surgiram novos sectores de ponta como a construção naval, a indústria siderúrgica, de armamento e quimica.

A Hegemonia Inglesa

A Inglaterra esteve numa posição de vantagem económica em relação aos outros países, devido ao seu desenvolvimento em termos economicos.  Era um país que, apesar de não deter mais que 2% da população do mundo, assegurava, sozinho, metade da produção industrial da Terra, era o país que mais investia em capitais e era detentor da maioria dos tráfegos do comércio internacional. Esta hegemonia económica só foi possivel graças aos seguintes factores:
  1. A Grã Bertanha foi o primeiro país a promulgar uma legislação liberal que deu permissão à instalação de estruturas político-económicas e sociais modernas e avançadas;
  2. Foi dos primeiros países a desenvolver-se em termos científico-técnicos, aproveitando-se de vários aspectos como o uso do vapor e a mecanização das fábricas. As indústrias britânicas possuiam o mais elevado ídice de mecanização e eram as mais mais avançadas tecnologicamente. Esta constante inovação tecnológica concedeu-lhe uma antecipação na exploração de sectores de ponta como as indústrias têxteis ou indústrias quimicas;
  3. Obteve elevados níveis de produtividade devido à racionalização do trabalho operário;
  4. Iniciou a modernização dos transportes e a revolução agrícola;
  5. Expandiu o seu comércio internacionalmente, graças a boa rede de carreiras marítimas e enriquecido pelas boas relações que mantinha com as suas colónias;
  6. Modernizou o seu aparelho financeiro, criando os holdings, trusts e cartéis, que garantiam o capital que era preciso aos empresários
Graças a estes factores, o sistema bancário inglês também saiu beneficiado e a moeda inglesa, a libra esterlina, foi a moeda de referência nas trocas financeiras, nessa altura.
A Inglaterra só permanecia numa forte posição económica devido à facilidade de adaptação da sua economia às exigências dos mercados.
Mas, em meados do século XIX, a hegemonia económica britânica começou a ser posta em causa quando outros países se sentiram motivados pelos ingleses, e também começaram a modernizar a sua economia.


Mapa de Inglaterra

A industrialização da economia agrícola e o capitalismo rural

Este fenómeno da industrialização teve um grande impacto na economia rural, onde causou uma revolução (agrícola) que teve várias consequências em termos demográficos, sociais e culturais. A industrialização neste sector consistiu basicamente na mercantilização da economia agrícola através da adesão dos possuidores das terras ao espírito lucrativo e produtor. Isso fez com que houvesse uma maior gestão das suas explorações fundiárias ou seja, eles utilizaram os novos conhecimentos adquiridos para poderem modernizar as prácticas, os utensílios e os processos de produção, com o objectivo de rentabilizar o trabalho agrícola, através da maior produção com menor mão de obra e a menores custos.
Este processo instalou-se primeiramente na Europa, nos finais do século XVII, mas só atingiu o seu auge no século XIX, beneficiando de algumas condições:
  • Os progressos científicos-técnicos, impulsionados por este processo, deram a possibilidade de melhorar os utensílios e de mecanizar o trabalho agrícola. Também foram adquiridos maiores conhecimentos sobre os vários processos agrícolas como o processo de germinação, aparecendo assim, nalguns países, escolas agrícolas onde se estudava e ensaiava novas prácticas ligadas à agricultura. E foi disto que resultou a agrícultura evoluida.
  • O alargamento dos transportes e maior rapidez de comunicação foi uma condição essencial á renovação agrícola pois a maioria da produção agrícola estragava-se a curto ou médio prazo e por isso tinha que ser rapidamente distribuida nos mercados. Logo, a revolução dos transportes foi um factor muitissimo importante. E também, graças a este melhoramento relativamente aos transportes, muitas regiões agrícolas puderam passar a dedicar-se a culturas mais adequadas às suas características geoclimatéricas. O aumento da especialização agricola obrigou à criação de uma rede de trocas produtivas entre as várias regiões. Assim, o desenvolvimento dos transportes e a industrialização da agricultura foram decisivos na construcção dos mercados internos.
  • Outra condição importante, que deu a possibilidade de existirem capitais disponíveis e instrumentos de crédito precisos para investir, foi o crescimento do capitalismo financeiro.
Todas estas condições motivaram os empresários capitalistas a investirem nos campos, pela compra de terras por exemplo e foi assim que apareceu o capitalismo rural.
Resumidamente, devido ás consequências que afectaram a economia rural, foi obtida uma maior rentabilização dos solos, aumentando a área cultivada, a produtividade e a quantidade da produção e diminuindo os preços dos produtos agrícolas. Isto causou uma melhoria em relação á alimentação das pessoas, aumentando a esperança de vida das populações.

domingo, 5 de junho de 2011

Concentração Industrial e Bancária

No final do século XIX deu-se uma formação de unidades fabris cada vez maiores, em termos de: número de operários, tamanho de instalações e capacidade produtiva. Com toda esta evolução, a organização das fábricas saiu afectada e foram obrigadas a criar novos departamentos como o de administração ou consultadoria. Criou-se assim a empresa indústrial.
As frequentes crises económicas e a livre concorrência provocaram a concentração indústrial, forçando as indústrias a fortalecerem-se em termos económicos, para poderem resistir á concorrência e sobreviver as periodos de recessão. Mas esta concentração nunca poderiam ter acontecido sem a criação de novos bancos publicos e privados, o aumento da actividade bolsista, etc - crescimento dos meios financeiros.
Durante o período de tempo da 1ª revolução industrial, a maior parte das fábricas pertencia apenas a um patrão. Por vezes, chegavam a pertencer a sociedades familiares. Mas com as exigências de crescimento, durante esta época marcada pela livre concorrência, muitas destas unidades de produção tiveram que recorrer a crédito para obterem o capital que precisavam para evitar a falência da empresa e para ajudar no desenvolvimento da mesma. Foi este o motivo que tornou muitas empresas em sociedades por acções.
Então, corporizado por muitas sociedades financeiras e bancos, o capitalismo financeiro atingiu o seu auge e passou a dominar a maioria das indústrias através da compra de acções e do crédito.
Mas o processo de concentração industrial não se deu apenas pelo alargamento da produção na empresa, deu-se também pela junção de outras indústrias. E este processo teve duas modalidades: a concentração vertical e a concentração horizontal.

Concentração Vertical - uma indústria forte anexava a si própria outras indústrias da mesma região cujas produções concorriam pelo mesmo produto. Este tipo de concentração foi mais utilizado pelas indústrias siderúrgicas e texteis de maneira a monopolizar a produção e a comercialização de um determinado produto. Estas associações também se podiam dividir em relação à sua gerência colectiva: trusts (quando existia apenas uma gestão e uma sociedade) e holdings (quando cada indústria continuava independente em relação á produção, mas eram controladas por uma gestão que tinham em comum).

Concentração Horizontal - resultava da junção de indústrias similiares que se ocupavam da mesma fase de produção do produto. Estas concentrações podiam gerar cartéis, em épocas de crise, que é um tipo de associação horizontal em que as unidades de produção permanecem independentes tecnicamente, financeiramente e juridicamente mas têm uma gerência comum para poderem tomar decisões conjuntas em relação às quotas de produção, ao montante dos preços e à divisão dos mercados de escoamento. O objectivo destas concentrações é acabar com a concorrência entre as indústrias e estabilizar os mercados.

Estas associações passaram a concretizarem-se internacionalmente, a partir do final do século XIX, passando a poderosas multinacionais.

sábado, 4 de junho de 2011

Racionalização do Trabalho

A industrialização provocou alterações essenciais no processo de produção e na vida económica.
A maquinofactura foi instalada para ter a possibilidade de satisfazer as crescentes ambições de lucro dos fabricante e originou a fábrica. A fábrica passou a ser o local característico da Revolução Industrial, estava destinada a produzir o mais possivel, a custos menores e concentrava nas suas instalações os operários, as máquinas e os meios de produção. Com todos os operários concentrados no mesmo espaço de trabalho, houve a obrigação de regulamentar uma disciplina laboral, que introduziu horários bastante rígidos e capatazes a vigiar os trabalhadores, para garantirem que todos faziam o trabalho bem feito para uma maior e melhor produção.
Existia uma necessidade de vencer a concorrência e de obter cada vez mais lucro por isso os industriais passaram a preocuparam-se com a rentabilização do trabalho. E foi assim que se deu a divisão do trabalho e a especialização de tarefas para evitar a perda de tempo e manter um bom ritmo de trabalho.
Estes novos métodos de trabalho fabril inciaram-se em Inglaterra mas tiveram um grande aperfeiçoamento na Alemanha e especialmente nos EUA.
O taylorismo contribui imenso para diminuir os custos dos produtos finais e assim, permitia a sua colocação no mercado, de forma acessivel para todos; ajudou a consolidar a produção e o consumo de massa.
A massificação da produção teve como objectivos a uniformização e padronização de produtos produzidos em série. Este processo chamou-se de estandardização e tornou possivel novos processos de comercialização relacionados com o consumo de massas.
Todas estas alterações exigiram aos donos das indústrias mais capital e para estes sobriviverem à concorrência, tinham que recorrer aos bancos e outras formas de financiamento. Isso causou o inicio da capitalização da economia industrial.
O modo de produção industrial e capitalista define-se por:
  • uma concentração dos trabalhadores e dos meios produtivos
  • utilização de fábricas como locais destinados para o processo de produção
  • mecanização crescente do processo produtivo e constante actualização do equipamento
  • disciplinação e racionalização do trabalho operário com o objectivo de uma crescente obtenção de lucros
  • separação entre trabalhadores e patrões